Um bom produtor rural seja na
pecuária ou na agricultura é aquele que consegue produzir de forma eficiente utilizando
todos os nutrientes existentes no solo e garantindo seu ciclo natural ano após
ano. O solo é um componente básico para grande parte das atividades
agropecuárias e seu manejo e conservação são fundamentais o desenvolvimento de
qualquer cultura.
Nas últimas décadas, no entanto, no
Brasil grandes extensões de áreas apresentam sinais evidentes de degradação e
empobrecimento de seus solos. O uso intensivo, o desmatamento descontrolado, as
ultrapassadas práticas de queimadas além dos fatores climáticos como secas severas
contribuem para esse panorama de degradação.
Por outro lado, a ciência vem
disponibilizando diversas ações de manejo e conservação do solo as quais podem
e devem ser praticadas pelos produtores para garantir o ciclo químico e
biológico de suas terras. Já se sabe atualmente que a conservação dos solos é
muito mais barata e eficiente que sua recuperação depois de degradada. Nessa
linha de raciocínio é importante pensar que o manejo adequado que busque a
conservação do solo garante economia e resulta numa maior produtividade para o
produtor rural, seja ele produtor de commodities, agricultura familiar ou
pecuarista, diga-se “produtor de pasto”.
É fundamental a adoção de
medidas que garantam a preservação e o cenário ideal para isso seria a
propriedade rural estabelecer um programa contínuo de processo produtivo sem
danificar o meio ambiente. Ao contrário do que se pensa num primeiro momento,
isso é possível para qualquer nível de produtor e ainda, é exigido pela
legislação ambiental, o que pede um adendo ao assunto: lembrar que atualmente
quase todas as linhas de crédito disponíveis para a produção agropecuária
incluem exigências ambientais como registro atualizado no CAR – Cadastro Ambiental
Rural, e suas implicações como regularidade das Reservas Legais e da Áreas de
Proteção Permanente – APP’s, como as nascentes, cursos d’água e encostas de
morro por exemplo.
Respeitar as características dos
recursos naturais é fundamental, pois são eles, aliados a práticas de conservação
e manutenção que proporcionam alta produtividade e ainda a garantia da
fertilidade para os ciclos futuros.
Vários são os fatores que podem
degradar o solo como a utilização de técnicas inadequadas de utilização da
terras como o desmatamento, a monocultura repetitiva, os quais trazem
associadamente a possibilidade de erosão, aumento da salinidade do solo e até
processos de desertificação, como já se observa em trechos do Cerrado e da
Caatinga no Brasil. No Brasil o fator mais importante ainda continua sendo a
ausência da prática de conservação tanto do solo quanto da água, uma vez que
durante muito tempo foi prática comum desmatar para formar pastagens, as quais
ficavam sem manejo por décadas, assim como avançar sobre os mananciais.
Fonte: Sitio Vale da Seriema.
Mas é importante saber que há
possibilidade de recuperação para tudo, tecnologia pra isso não falta, e com condições
de aplicação para qualquer produtor em qualquer parte do país, mas que precisam
de conhecimento da área, desprendimento e boa vontade.
Principais técnicas de manejo do solo
O primeiro passo para a execução de
qualquer técnica de manejo e conservação solo é o planejamento, compreendendo
que a utilização de cada técnica conhecida deve ser ajustada ao potencial
produtivo de cada região, propriedade ou mesmo da atividade. Ou seja, para a
escolha da técnica adequada é preciso levar em consideração as propriedades
físicas, químicas e biológicas do solo e sua utilização, as pressões que esse
solo sofrerá.
São várias as técnicas existentes que
podem aumentar e manter a potencialidade produtiva dos solos, mas todas elas envolvendo
o controle de erosão. Algumas das mais simples são o chamado Preparo
convencional no qual a camada do solo é invertida, com a utilização do
arado, processo recomendado apenas quando poucas características na superfície
do solo precisam ser reparadas. Muito parecido com o Preparo mínimo quando
é utilizado um implemento revolvendo minimamente os resíduos deixados no solo
pela rotação de cultura anterior, havendo o mínimo de intervenção para o
próximo cultivo. No Plantio direto as sementes são espalhadas por uma
semeadora diretamente em cima da palhada restante do cultivo anterior, que foi
mantida para proteger o solo e aumentar a matéria orgânica disponível, é um
pouco diferente do Plantio semi direto que mesmo muito semelhante à
técnica anterior, a realização da semeadura na superfície ocorre com poucos
resíduos dos cultivos anteriores.
Portanto, não é prudente protelar a
conservação do solo, os benefícios como visto, são inúmeros e são vantajosos
para todo mundo, seja para o consumidor, o meio ambiente e para o produtor que
é o primeiro a se beneficiar.
Aos primeiros sinais de erosão como
os sulcos de “trieiros” gado por exemplo, de degradação como o aparecimento de
ervas daninha ascenda o alerta, procure um profissional especializado para a
realização de um diagnóstico completo da área que foi afetada, que envolva
todos os possíveis fatores associados. Um bom trato envolve ainda o terraceamento
correto com curvas de nível bem planejadas e bem construídas que vão evitar
grandes enxurradas na área e ainda permitir sua infiltração no solo.
Fonte: Sitio Vale da Seriema.
Uma boa adubação é uma das formas
mais práticas e simples de melhorar as características de um solo e de corrigi-las
quando necessário, o que pode garantir melhor fertilidade do solo, infiltração
e retenção de água e equilíbrio de nutrientes.
A rotação de culturas vem sendo utilizada
com sucesso, sendo um processo que melhora o aproveitamento da fertilidade do
solo pelo aprofundamento diferenciado das raízes e das necessidades diversas de
cada cultura que é inserida no projeto, o que melhora a drenagem, garante diversidade
biológica e facilita o controle de pragas.
A eliminação total e imediata das
queimadas. Mesmo que ainda haja produtores que a consideram de fácil utilização
para limpeza de áreas os prejuízos causados por essa prática são imensos a
começar pela queima da matéria orgânica, diminuição do nitrogênio que vai
diminuir a fertilidade do solo, sem contar no risco de produzir acidentes
sérios.
Por fim, mesmo sendo considerada cara,
a irrigação é uma técnica cada vez mais empregada para a melhoria da qualidade
do plantio, permitindo manter os níveis umidade uniformes durante a maior parte
do ano, o que é importante principalmente em áreas do Centro-Oeste e Nordeste
brasileiros, tão castigados por longos períodos de seca.
Portanto, como explanado acima, existem
diversas técnicas de fácil aplicação para a conservação dos solos, muitas das quais
não demandam nem mesmo grande aporte financeiro, ou mesmo, que podem ser
aplicadas por partes na propriedade, de forma isolada ou em conjunto.